Judiciário fará concurso para mais de 1.300 cartórios em todo o estado
A inscrição será feita somente pela
internet, entre os dias 14 de agosto a 12 de setembro de 2013. O valor
da inscrição é de R$ 200
Com mais de um ano de atraso, o Tribunal de Justiça (TJ-BA) publica hoje
o edital do concurso público para a escolha dos futuros proprietários
de 1.383 cartórios na Bahia. O objetivo da seleção é privatizar todos os
cartórios extrajudiciais do estado, conforme manda lei aprovada na
Assembleia em agosto de 2011.
Na estimativa do juiz Ricardo
Schimitt, assessor da Presidência do TJ, a previsão é de que cerca de 40
a 50 mil pessoas de todo o país se inscrevam no concurso. A inscrição
será feita somente pela internet, entre os dias 14 de agosto a 12 de
setembro de 2013. O valor da inscrição é de R$ 200.
Só podem
participar bacharéis em Direito, ou quem tiver exercido, por ao menos
dez anos, função em serviços notariais ou de registros. É preciso ser
brasileiro e estão barrados os candidatos que possuem em sua ficha
condenações criminais e por improbidade administrativa. Portadores de
deficiência têm direito a 5% das vagas.
O concurso será feito em
seis etapas, sendo cinco eliminatórias. A previsão é que o resultado
final saia somente em julho do ano que vem. A prova objetiva, com 100
questões, será no dia 20 de outubro. A prova escrita e prática, no dia
1º de dezembro. Haverá ainda a comprovação de requisitos, exame
psicotécnico, neurológico e psiquiátrico, além de uma prova oral e, por
fim, a avaliação de títulos.
Processo
Hoje, no estado,
há apenas 145 cartórios privatizados. A lei aprovada na Assembleia abriu
a possibilidade de escolha para os servidores públicos titulares dos
cartórios permanecerem nos quadros do Tribunal de Justiça, ocupando
cargos nas varas judiciais, ou receber o direito de ser dono do
cartório – se tornar, em termos jurídicos, delegatário.
Dos
1.528 cartórios existentes no estado, apenas 145 servidores optaram por
se tornarem empresários. Em geral, seguiram esse caminho os titulares
dos estabelecimentos mais rentáveis.
Outros 783 hoje ainda se
mantêm como titulares dos cartórios, à espera do resultado desse
concurso, para então serem deslocados para as varas judiciais. Há ainda
outros 600 cartórios que estão vagos, porque os titulares morreram ou se
aposentaram.
Polêmica
A Advocacia-Geral da União
(AGU), todavia, avaliou que essa possibilidade de escolha dada aos
titulares dos cartórios é inconstitucional porque os servidores não
participaram de concurso público “de provas e título”.
O
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, entrou com uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF)
para derrubar dispositivos da lei, em setembro do ano passado.
Caso
isso aconteça, os hoje 145 delegatários voltariam a ser servidores
públicos, e o TJ lançaria outra licitação para ocupar essas vagas. “O
problema é que não sabemos quando a Adin será julgada, não há previsão”,
ponderou Schimitt.
No julgamento da Adin, segundo o juiz, o STF
pode entender também que todo o processo de privatização dos cartórios é
ilegal, autorizando a delegação para a exploração empresarial apenas
dos 600 cartórios que hoje estão vagos.
Nesse caso, os outros 783 cartórios que também estão disponíveis no concurso permaneceriam públicos até a vacância do titular.
“Pode
ser que o STF diga que a privatização não devia ser total, mas parcial,
só com o que estivesse vago, garantindo o direito de quem já estava no
cargo de permanecer como servidor público daquele cartório”, disse
Schimitt.
Pela dinâmica do concurso, a escolha do cartório será
por ordem de seleção — os que pontuarem mais terão direito de escolher
primeiro. Para evitar que a decisão do STF gere futuros questionamentos
judiciais do concurso, o TJ colocou no edital uma cláusula que, caso o
vencedor escolha um dos 783 cartórios que hoje têm titulares e estão sub
júdice, arca com o risco de perder no tribunal o direito de
administrá-los.
Como está no texto, a escolha “se dará por conta e
risco do candidato aprovado, sob sua total responsabilidade, sem
direito a reclamação posterior, de exercer nova opção ou de retornar à
atividade pública anterior”.
Fique ligado
Inscrição
O edital de inscrição foi publicado nesta quinta-feira (18) e está disponível no site do Cespe, que realizará a seleção. (www.cespe.unb.br/concursos/tj–ba–13–notarios). As inscrições vão de 14 de agosto a 12 de setembro.
Provas
A primeira prova, objetiva, será no dia 20 de outubro e terá 100
questões. A segunda, escrita, cobrará uma redação de 120 linhas, uma
peça prática de 120 linhas e duas questões discursivas de 30 linhas
cada.
Conhecimentos As provas objetivas e escritas cobrarão
organização judiciária, registros públicos, direito constitucional,
administrativo, tributário, civil, penal, comercial, conhecimentos
gerais e português. A prova oral abordará questões de Direito.
Unidades pouco rentáveis podem ser fundidas ou desativadas
Se,
por um lado, há cartórios disputados, que podem render milhões de reais
ao ano, há estabelecimentos menores que não são considerados rentáveis
pelo Tribunal de Justiça (TJ-BA) e que podem não gerar o interesse dos
candidatos.
Para esses casos foi criado o Fundo Especial de
Compensação (Fecom), que recolhe parte do que é arrecadado com taxas
cartoriais em todo o estado e faz uma compensação financeira aos donos
de cartórios que não conseguirem lucrar, líquido, ao menos R$ 3,5 mil.
Se,
ainda assim, a seleção acabar com alguns cartórios vazios, o TJ irá
entregar dois estabelecimentos a um único delegatário. “Se, concluído o
concurso, nenhum candidato não considerar que vale a pena, temos a
possibilidade de o Tribunal ou desativar o cartório ou fazer uma fusão. O
STF só permite que a fusão ocorra depois de oferecida a vaga”, explica o
juiz Ricardo Schimitt, do TJ-BA.
Matéria original do Correio
Judiciário fará concurso para mais de 1.300 cartórios em todo o estado
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