A nova relação entre líder e subordinado
O funcionário popularmente conhecido como “puxa-saco” e o patrão
autoritário. Dois clichês que perduram com o passar dos anos nas
corporações. Mas será que eles ainda realmente existem? A concepção da
relação entre o chefe e empregado vem se alterando no universo
corporativo, e os profissionais e empresas devem se enquadrar a essa
nova realidade, formada pela colaboração entre as partes, comunicação
clara e trabalho em equipe.
Qualquer excesso na convivência entre superior e subordinado pode ser
entendido como bajulação, portanto, a educação e a etiqueta
profissional devem prevalecer. É completamente possível interagir com o
chefe sem ser visto como puxa-saco. Isso ocorre a partir do momento em
que se coloca a marca pessoal nos trabalhos realizados, conquistando
resultados concretos e significativos.
“É importante um diálogo aberto, levando em contas as opiniões
transmitidas e as compartilhando. Profissionais com boa relação com seus
chefes geram resultados positivos, propiciam desenvolvimento,
reconhecimento, diretrizes claras e expectativas alinhadas”, afirma Fátima Sanchez, gerente de desenvolvimento de pessoal da Personal Service, empresa especializada em Facilities Management e Soluções em Gestão de Recursos Humanos.
Uma comunicação transparente é ferramenta essencial para essa
relação. Para muitos, a maior dificuldade é superar a barreira que,
supostamente, existe com o empregador. Um diálogo regado de bom senso e
postura profissional podem gerar excelentes resultados, melhorando o
relacionamento e a confiança. ”Um dos principais motivadores de boas
performances dos colaboradores de uma empresa é a qualidade de
relacionamento com o líder imediato. Não há melhor contexto de trabalho
para o desenvolvimento profissional de um colaborador”, explica Priscila Azevedo, psicóloga com especialização em orientação profissional e carreira.
Como fortalecer a relação
Não existem regras de quem deve tomar partido para um diálogo mais
livre a fim de criar um canal mais aberto. Dividir sucessos diários e
dificuldades podem ajudar a melhorar o desempenho, e permite que o
superior tenha mais liberdade de dar feedbacks, por exemplo. “O papel do
líder é estimular seu funcionário e desenvolvê-lo. Para isso deve
conhecê-lo, saber seus objetivos, sonhos e fatores de motivação. Para
que isto ocorra, é imprescindível que o líder se comunique com seus
liderados”, afirma Luciano Amato, Diretor Executivo da Training People, empresa especializada em treinamentos e palestras gerenciais, comportamentais, de segurança do trabalho e diagnóstico da área de atendimento ao cliente.
O interessante é que o líder possa propiciar um ambiente de
facilitação para o diálogo, de forma que seus colaboradores sintam-se à
vontade para interagir, perguntar, dividir e confiar. “Para o
colaborador, o melhor é não se isolar e compartilhar ideias e
iniciativas de valor agregado para a equipe ou para o trabalho com seu
superior. Dando esta liberdade, o líder aumentará sua credibilidade e
força, e os colaboradores não se sentirão acuados ou negativamente
pressionados”, aponta Priscila Azevedo.
Luciano Amato apontas falhas clássicas de um profissional sem o devido preparo para cargo de liderança:
- Não comunica claramente as metas para área;
- Não aplica feedback constante;
- Não treina sucessores por questão de insegurança;
- Assume créditos de ideias de liderados perante seus superiores;
- Se distancia dos liderados sem criar uma política de portas abertas;
- Não estimula a criatividade, autonomia e desenvolvimento, tornando os liderados dependentes.
O que era conhecido como relação chefe-empregado deve ser visto hoje
como uma convivência líder-colaborador. Mais do que uma mudança
conceitual, o subordinado, que antes estava fadado a apenas obedecer ao
líder, atualmente se sente à vontade para colocar suas ideias e
opiniões, e mesmo estipular limites e dizer “não” ao seu superior. “A
relação é muito mais de construção em conjunto e menos ‘manda quem pode e
obedece quem tem juízo’. Além disso, tem sido cobrado dos líderes
atuais a competência de saber ouvir e saber dar feedback”, completa
Priscila Azevedo.
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