A pesquisa “Adapt to Survive”, feita pela PwC sob encomenda do
LinkedIn, mostra que o Brasil ocupa a 9ª posição entre 11 países
pesquisados em relação à capacidade de adaptação nos empregos. O
levantamento mostra que a falta de equilíbrio entre as oportunidades de
trabalho e a ausência de competência necessária para as funções causa
prejuízo de até US$ 150 bilhões em produtividade e recrutamento à
economia global. Ou seja, as empresas investem muito tempo para
contratar profissionais que não são capacitados para os cargos
oferecidos. E inúmeros deles ficam pouco na vaga.
Com o objetivo de identificar quais são os países que possuem mais
profissionais com competências para as oportunidades no mercado de
trabalho e quais têm mais facilidades para se adaptar a diferentes
cargos e ambientes, o estudo relacionou dados dos usuários do LinkedIn
com informações de 2.600 empresas com cadastro no banco de dados da
empresa PwC Saratoga.
Segundo o estudo, o Brasil tem a economia ainda muito concentrada em
poucos e tradicionais setores e força de trabalho pouco
internacionalizada - o que envolve aspectos como o domínio de outros
idiomas, em especial o inglês, a baixa atratividade e restrições legais
para o trabalho estrangeiro e a migração de profissionais para outros
países - características comuns a países em desenvolvimento, como a
Índia e a China, classificadas em 10º e 11º lugares, respectivamente.
Dos 11 países avaliados (Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China,
Cingapura, Estados Unidos, França, Holanda, Índia e Reino Unido), os
holandeses apresentaram maior facilidade para se adaptar às
oportunidades de trabalho. O país está no topo do ranking devido à
natureza empreendedora, moderada diversidade de setores, baixa migração e
domínio de inglês pela maioria da população. A Holanda também tem a
menor taxa de demissões de profissionais antes de completar o primeiro
ano, apenas 4,8%. No Brasil, chega a 12%.
Reino Unido e Canadá ocupam a 2ª e 3ª posição, respectivamente, com
perda de US$ 1,44 bilhões e US$ 1,86 bilhões em produtividade. O Brasil
ocupa a 9ª posição, com desperdício de US$ 11,71 bilhões.
Para mensurar a capacidade de adaptação dos profissionais, foram usados
na pesquisa cinco indicadores-chave: taxa de promoção (número médio de
promoções numa mesma empresa, medido a partir dos perfis no LinkedIn),
taxa de vacância do mercado (quantidade de vagas abertas divididas pela
população economicamente ativa do país), média de posições ocupadas
(quantidade de diferentes cargos ocupados no decorrer da carreira),
média de empregadores de cada profissional e taxa de mudança de setor
(número médio de diferentes cargos ocupados no decorrer da carreira).
O Brasil ocupa a 5ª posição no quesito taxas de promoção, a 6ª em vagas
abertas, a 9ª em posições ocupadas, a 10ª em média de empregadores e a
6ª em mudança de cargos.
A análise revela forte correlação entre o uso das redes de
profissionais on-line e o índice adaptabilidade. A Holanda, por exemplo,
adotou redes profissionais on-line muito mais rápido do que qualquer
outro país fora os EUA e atualmente quase metade da população
economicamente ativa tem perfil profissional on-line.
Do lado das empresas vale a mesma regra. Organizações com forte
presença on-line atraem profissionais mais adequados às suas
necessidades e têm menor rotatividade em curto prazo.
“Com as mudanças econômicas, estão surgindo novas demandas, mas os
profissionais e as empresas não estão preparados para esse novo
contexto”, diz Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor do LinkedIn na
América Latina.
“O conceito de adaptabilidade da força de trabalho é novo tanto no meio
acadêmico, quanto no mercado”, afirma João Lins, sócio da PwC Brasil e
líder de gestão de capital humano. “Este é o primeiro trabalho que
consegue vincular indicadores ao conceito abstrato de resiliência,
considerando-o não apenas como uma característica individual, mas também
na dimensão de gestão nas esferas pública e privada”, acrescenta.
“Se pegarmos as 500 maiores e melhores empresas do Brasil, quantas
possuem bem mapeadas as competências por atribuição? E mesmo nas que
possuem, quantas pessoas são escolhidas a partir da garantia de que
possuem essas competências? Para começar que os currículos distribuídos e
recebidos pelas organizações são focados em falar das experiências, mas
isso nem de perto falará das competências. Além disso, os testes
psicológicos realizados apenas por uma parte das organizações não
conseguem também medir as competências técnicas, executivas e pessoais,
mas só as comportamentais. Logo, as contratações são muito mais
embasadas na empatia que se tem pelos candidatos e chefes do que pela
avaliação de suas competências. E isso aumenta com quanto mais
experiência se possui”, diz o especialista em desenvolvimento de pessoas
Rogério Londero Boeira.
Fonte: Do G1, em São Paulo
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