O
Ministério da Saúde recebeu o primeiro lote da vacina contra o papiloma
vírus (HPV), com quatro milhões de doses, que serão distribuídas
gratuitamente na Campanha de Vacinação deste ano, em março, no Sistema
Único de Saúde (SUS). O insumo, que previne contra o câncer de colo de
útero, será aplicada gratuitamente em meninas de 11 a 13
anos em 2014 e, a partir do ano seguinte, será ofertado também para
meninas de 9 e 10 anos. O Ministério da Saúde investiu R$ 465 milhões na
compra de 15 milhões de doses da vacina para este ano, quantidade
suficiente para que 5 milhões de pré-adolescentes sejam imunizadas. É a
primeira vez que a população terá acesso gratuito, em nível nacional, à
vacina contra o HPV.
“O dia de hoje marca dois passos
importantes na história da saúde pública. O primeiro é a proteção de
futuras mulheres, e consequentemente também homens, contra uma doença
sexualmente transmissível. Por meio da campanha de vacinação, vamos
iniciar um processo de conscientização e orientação sexual para essas
meninas que ainda vão iniciar a vida sexual. O segundo passo importante é
a redução dos gastos da população na área da saúde: ao ter acesso
gratuito à vacina contra o HPV no SUS, as famílias vão deixar de gastar
R$ 1 mil reais na rede privada na compra de três doses para proteger
suas filhas contra um problema sério e grave, o câncer de colo de útero,
que em algumas regiões do país é a principal causa de morte entre as
mulheres”, declarou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nesta
sexta-feira (10), no Instituto Butantan, em São Paulo.
O
ministro participou de evento que marca o início da Parceria para o
Desenvolvimento Produtivo (PDP) do insumo, que envolve a transferência
de tecnologia da empresa estrangeira atual produtora da vacina, a Merck
Sharp & Dohme (MSD), para o laboratório público brasileiro, que
passará a produzi-lo em território nacional. O ministro vai visitar a
área de formulação e envase de vacinas do Butantan, que foi reinaugurada
com instalações mais modernas.
“Através dessa parceria com o
Butantan, damos um passo importante para fortalecê-lo e consolidá-lo
como instituição pública de referência mundial. É uma grande aposta
nesse instituto, o Brasil precisa de instituições como essa. Certamente
eu e outros tomaram gosto pela ciência e pela pesquisa visitando o
Instituto Butantan quando criança. Ao investir mais de R$ 400 milhões na
compra da vacina contra o HPV este ano – dobrando o faturamento do
instituto –, o Ministério da Saúde dá um forte apoio à modernização do
Butantan, mantendo o seu papel na saúde pública e de espaço formador de
pesquisadores. Vamos contribuir para que continuem fazendo pesquisa e
inovação tecnológica.”, concluiu o ministro.
O Ministério da
Saúde vai investir R$ 1,1 bilhão na compra de 36 milhões de doses da
vacina durante cinco anos – período necessário para a total
transferência de tecnologia para o laboratório brasileiro. A Parceria
para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre o Butantan e a Merck
possibilitou uma economia estimada de R$ 78 milhões na compra da vacina
em 2014. O Ministério da Saúde pagará cerca de R$ 30 por dose, o menor
preço já praticado no mercado – 15% abaixo do valor do Fundo Rotatório
da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
A produção da
vacina do HPV faz parte de um conjunto de ações que o Ministério da
Saúde tem estabelecido com o Butantan para ampliar a produção brasileira
de insumos e medicamentos. Atualmente, o Butantan está envolvido em
oito PDPs firmadas pelo Ministério da Saúde com laboratórios privados
para a produção de oito produtos de Saúde – vacinas contra Hepatite A e
Influenza e medicamentos oncológicos. Além desses medicamentos, o
Butantan produz vacinas contra Hepatite B, contra Raiva, a Tríplice
(Difteria, Tétano e Pertucis) e a Dupla (Difteria e Tétano), além de
soros antiaraquinídico, antitetânico, antiescorpiônico, antibotulínico,
antilonômico, antibotrópico.
Com a parceria para produção da
vacina contra o HPV, o faturamento do laboratório público paulista
triplicará em cinco anos, passando de R$ 348 milhões em 2013 para 1,1
bilhão em 2018. E o país passará a produzir 16 biológicos, dentre os
quais medicamentos para câncer de mama, leucemia e artrite reumatoide.
HPV E CÂNCER
A vacina contra HPV que será distribuída no SUS é a quadrivalente, que
previne contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e
18) respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero, responsável
atualmente por 95% dos casos de câncer no País. É o segundo tipo de
tumor que mais atinge as mulheres, atrás apenas do câncer de mama.
A cada ano, 270 mil mulheres no mundo morrem por conta da doença. No
Brasil, 5.160 mulheres morreram em 2011 em decorrência da doença. Para
2013, o Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 17.540 novos
casos.
Cada menina deve receber três doses da vacina para
estar imunizada contra o HPV. Após a primeira dose, a segunda deverá
ocorrer em dois meses. E a terceira, em seis. A vacina deve ser aplicada
com autorização dos pais ou responsáveis. Ela tem eficácia comprovada
para mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não
tiveram nenhum contato com o vírus.
O Ministério da Saúde
orienta ainda que as mulheres dos 25 aos 64 anos façam anualmente o
exame preventivo para verificar se há indício de HPV. Em 2012, foram 11
milhões de exames no SUS, o que representou investimento de R$ 72,6
milhões. Do total, 78% foram na faixa etária prioritária.
O HPV
é capaz de infectar a pele ou as mucosas e possui mais de 100 tipos. Do
total, pelo menos 13 têm potencial para causar câncer. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), 291 milhões de mulheres no mundo são
portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou
ambos. No Brasil, a cada ano, 685, 4 mil pessoas são infectadas por
algum tipo do vírus.
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